segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Dicotomia.

Era uma caixinha verde, grande laço.
Laço maior que o presente.

Mas não era maior do que o medo de entregar.
Pq na caixinha não iam só os pequeninos presentes,
coisas de lembretes entre os dois,
pra que mesmo entre as distâncias que os separam estejam perto.

[Hoje, do lado direito de cima do telhado,
ela espera, com as mãos apertadas,
que a caixinha ainda esteja por lá,
nem que seja em canto escondido do armário.]



...


Hoje ela saiu de rosa por debaixo da roupa negra,
e tinha dentro da bolsa uma boneca de pano.

Entrou na loja de balas e resolveu gastar moedas :
uma, duas, três.

Pra coroar o dia, escolheu levar o rosa até a padaria,
mas aquela mais longe,
só pra passear :

- queria era aquele picolé, como o que o pai comprava em dias tristes,
o de chocolate.

Esqueceu que era dia de gnocchi, de tostão em baixo do prato,
e falou pra si mesma :
- dois tricô, dois meia.



...


Pq amor, ah,
não é grande nem pequeno,
é inteiro.

2 comentários:

Feltro em casa disse...

Que lindo Cecília!!!
Continua escrevendo que eu adoro ler suas palavras...juro que eu entendo!!!

Beijos
Malú

Judy disse...

Oi Cecília!
Que delícia seu blog... seus textos são adoráveis!

Um abraço,

Judy