quinta-feira, 29 de maio de 2008

Patchwork.

São pequenos os trevos que encontrei pela manhã.

Contei as folhas, quatro.

Não acredito, guardo no bolso.

Algumas das folhinhas eram amarelas, como todo o amarelo que na verdade sou, manhã, morna, orvalhada.








Olho de novo pras folhinhas, olho pra fora.

Soprou vento, soou ambulância e até o final do dia ressurgiram duas partes de mim , perdidas por aí, em espaço de tempo.

Pra um, doeu-me contemplar. Era ele, é ele, e tive de sentar-me e olhar, lágrima. O que poderia ter sido? De tudo o que sobrou, o q ainda é?

Não sei. Sei que pedi aqui, e cá estou a recortar lembranças e costurar minha própria colcha.

Combinam as cores? Sim, há em tudo pequenas flores de miolinhos amarelos.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

amores-amáveis.

és tu um amor-amável?

ou crias, diante do oceano de imperfeições que crês ter, todo o distanciamento de pontos opostos cardinais?

és tu um daqueles a morrer em medo de ser amado?

és um a cantar " você me odeia " ( leia-se du hast mich) com todo o corpo a negar paixão infinda pulsante, a ser entregue ao outro como presente?

és tu ser a isolar-te em si, a observar distante um amor que nunca acaba e consome-te?

és tu ser a aproximar-se de leve, a esperar resposta?



Deixa que o vento sussure as gentis palavras que quis entregar-te, em cores:
- não espera, vai.
não faça de ti algo num porvir,
história-não-escrita,
objeto inanimado,
vida-sem-pulso, se é que há.

Faça de ti isso não.
Escolha.
Escolha por viver a gritar o nome dela na rua,
e não por sussurar sozinho no escuro.
Escolha por tê-la em teus braços,
e não imaginá-la em sombras curvas solitárias em tua cama morna.
Escolha por beijá-la, à força, por força, com força,
e não por desejá-la em formato azedo, sonífero e cru, surreal.


Escolha atravessar por outro lado,
escolha agarrá-la pelos cabelos,
escolha viver. entregar. amar.


Faça de si um amor amável.















{Confesso-te: ela espera.
ela espera por ti, há muito.}






" Vai.
Não faça de ti um sonho a se realizar.
Vai."

domingo, 18 de maio de 2008

A dor, maior.


Nos olhos, hoje, só tenho lágrimas.

de saudade, luto, parto.

éramos duas a se despedir a vida. e ela já se foi...

Nine,

carinho, amor-amada, onde estiveres, sempre.

estou contigo, em coração e alma.

amo-te, pra SEMPRE.

domingo, 4 de maio de 2008

Sb doer, doar e dor.

Hoje nem eu mesma sei praonde vou.
olho, mas não vejo nada.
sinto-me incapaz de decidir, qualquer decisão qualquer.


Vi-me hoje assim:
doendo, de peito aberto e rasgado, dez anos sem meu pai.
Dez anos em que tropecei pela vida, errando muito mais que acertando.
Queria eu ter todas as palavras de perdão a escorrer pelos lábios,
queria eu em minha tolice infantil a imperar por todo meu pequeno reino de todos os meus pedidos de perdão fossem aceitos.

{ "tudo é culpa da doença!" sim, é, tente: bipolaridade.org. muitos, como eu, perderam-se em si. outros, cortaram as orelhas. a grande maioria matou-se.}


Eu, eu sou simples.
Sou meu cobertor felpudo, alguns cds, alguns livros velhos, minha chachimzim e o teddy.
Sou uma coletânea suturada de memórias, em maioria ruins.

Eu queria só olhar nos olhos de todos esses que hoje tanto me doem e ...
queria, como criança, abraço apertado onde não se cabe palavra alguma.
Queria só amor,
franco, puro, terno.
Amor.
Quente e rico
(como creme de chocolate amargo...veloutè, em mousse.)

E seria uma lista grande a minha lista de abraços e adeuses.
Terei coragem e a postarei aqui.
Terei mais: que me sobre coragem pra que de cada um nasça um post, pra que se fale desse amor escondido, ou morto , ou esmigalhado.

Relembrar é não perder.

Mas o relembrar há de ficar somente aqui, pois preciso, aindañseicomo, viver esse Agora, parar de ser consumida por um futuro nunca presente e um passado entorpecente.

Quero ser essa a crescer, a contemplar-se em olhos d'outro e sorrir.

Quero ser mais simples, mais pura, mais terna, mais eu, mais nós.


...


De tudo que Ele me deixou restam umas vagas imagens de memória. Lembro de como ele segurava o bigode, entre o indicador e polegar da mão direita, antes de pronunciar-se sobre assunto grave. Lembro do perfume, algo entre o brut e o strega. Do azeite no homus, do conversar na varanda, do dirigir pela madrugada. Foi um homem bruto profundamente terno, de mãos pesadas, cabelos da cor exata dos meus. Os olhos não: os dele eram mais profundos e carregavam muito mais dor do que poderei eu carregar, e tinham outra nuance - eram azul-da-prússia, sabe? Da caneta, sempre a mesma, de mesmo azul, em ponta de porcelana. De ser cozinheiro do rei da França, o lobo a nos acordar de manhã, a conversa dura sobre como educar-nos pelas manhãs. Lembro de minha avó, a chamar por ele antes de morrer. De como, hoje, sem querer, minha letra parece com a dele. De como perpetuo, por toda parte do que sou, hábitos e manias: bergamotas, melancia, caixas de uva passa das vermelhinhas, picles de pequenos pepinos pra serem comidos diretamente do vidro, knödel e schintzel, ah, schatzim.

Era um mundo como o do " a vida é bela". Eu não havia me apercebido de como as pessoas poderiam ser ruins. De como a vida poderia ser amarga e somente amarga. éramos nós, em uniformes listrados, em campo de batalha, mas com alguém a segurar a mão. um Alguém.


E sou tão ele que por esses dias, não me olho no espelho.




...

Doar-se, quero ser leve, sem apego, só com amores a acalorar-me por completo.


sexta-feira, 2 de maio de 2008

avelut yod bet chódesh

luto.



ao que me transformou,
ao que eu mais amei,
ao que sempre será Eterno.

pelo carinho infinito,
pela sabedoria mansa,
pelas palavras cruas.

por me ensinar a ser
ver
viver
fazer.


sinto, tanto.
espero um dia reencontrar-te.














sim, eu tive um Pai herói.
e não, a emoção é tamanha, hoje, que não sai de mim tanto Amor a caber em meu peito.
e é.
Pai , pra mim é com maiúscula.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

transtorno.humor.afetivo.

Sinto por você três vezes mais o que você sente por mim.


- não, não é Crowley e a lei do retorno, ñ.-


Isso chama-se bipolaridade.
(meu dragãozinho pessoal.)